Indignação ética

Para ler e compreender o artigo abaixo, veja e ouça o vídeo clicando nesse link: “Hino ao inominável”

Na angustiante, realista e indignada canção “Hino ao Inominável”, letra de Carlos Rennó, música de Chico Brown e Pedro Luís, encontra-se uma forte indignação ética, cantada e declamada por artistas com indignação na voz e nas expressões faciais.
Trata-se mesmo de “indignação”, permeada por evidente motivação ética, motivada e permeada por uma autêntica  espiritualidade política.

Em meio à disseminação do “ódio” na política, “indignação” é uma palavra politicamente correta que precisa ser resgatada. Significa sentimento de cólera, que mexe com as entranhas despertado por ação indigna desrespeitosa, desprezível, torpe, baixa,
inconveniente, imprópria, que machuca, fere, deixa traumas e pode 

levar à morte (DICIONÁRIO AURÉLIO DA LÍNGUA PORTUGUESA, 2010, verbetes “indignação”, “indigno”, “cólera”).

“Indignação ética” é, portanto, um sentimento de repugnância, de aversão ao que fere princípios compreendidos como desejáveis para o comportamento no meio social do ponto de vista socioeconômico, sociopolítico, sociocultural, socioambiental, enfim, na relação com a pessoas no ambiente em que vivemos.

Enquanto a “raiva” é um sentimento destrutivo que leva à violência generalizada e, consequentemente, à destruição do tecido social, ao caos e à morte, a “indignação ética” é um sentimento direcionado à mudança no modo de pensar e de se comportar socialmente.

“Indignação ética” é, portanto, uma ação eminentemente “política”, inspirada por princípios geradores de vida, por uma “espiritualidade” própria, compreendida aqui como motivação interior, nata do ser humano, desenvolvida em ambientes apropriados que vão desde o ceio materno, familiar e comunitário, aos ambientes mais complexos da cultura histórica, educacional, artística, religiosa, etc.

A “indignação ética” propõe repensar o passado e o presente, buscando inspiração para fazer um mundo diferente, desde agora, visando o futuro a curto, médio e longo prazos.

É um sentimento marcado pelo verbo “esperançar”, que dá esperança, anima, estimula a cultivar no agora o que se espera colher no futuro próximo; é fé, confiança em conseguir o que se deseja (DICIONÁRIO AURÉLIO DA LÍNGUA PORTUGUESA, 2010, verbetes “esperançar”, “esperança”).

Voltando à indignada canção “Hino ao Inominável”, apesar de externar uma crítica contundente, do ponto de vista político, tem um refrão profundamente esperançoso, com o qual concluímos esta breve reflexão sobre “Indignação Ética”: Mas quem dirá
Que não é mais inominável Erguer de novo das ruínas

 o país?

Indignação Ética, JÁ!
João Luiz Correia Júnior
(21 de setembro de 2022, há alguns dias da mudança).

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Pós-doutor pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Doutor em Teologia (linha de pesquisa em Estudos Bíblicos) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Mestre (1995) em Teologia (linha de pesquisa em Estudos Bíblicos) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Professor Titular e Pesquisador da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). Tem artigos publicados em Revistas Acadêmicas de Programas de Pós-graduação, e livros publicados por editoras como Paulinas, Paulus e Vozes. Assessora o CEBI – Centro de Estudos Bíblicos, em Pernambuco. É natural da Cidade do Recife-PE, onde reside.

 

Fonte: Indignação