Memória dos inícios do Cebi PE

Neste artigo, trazemos aos nossos leitores o testemunho de Dom Sebastião Armando Gameleira Soares numa conversa descontraída com Mary Ruth da coordenação estadual do Cebi PE, sobre os inícios do Cebi PE, nos primórdios do início do Cebi Nacional. Um testemunho muito vivo e carregado de sentido que nos encanta e nos motiva à militância desse Serviço à Palavra.

O texto narrativo a seguir, escrito por ele mesmo em conversa pelo Whatsaapp, nos dá um sabor especial e que nos remete às origens. Não há datas, mas fatos, pessoas, acontecimentos que no percorrer dos anos, construíram a identidade do que somos hoje. Sobretudo, e ainda mais, por esse tempo em que comemoramos os 50 anos do “Mês da Bíblia” na Igreja Católica e cuja história o Cebi tem sua cota de participação nesses 40 anos de sua existência.

Sem mais delongas, vamos ao texto!

“Querida Mary, vamos ver se saem algumas lembranças. Como sabe, o CEBI como entidade e movimento nacional tem sua origem com os círculos bíblicos realizados pelo Brasil, pelo Frei Carlos Mesters, frade carmelita holandês que veio muito jovem para o Brasil, se não me engano, ainda como estudante. Especializado em estudos bíblicos tem o carisma de fazer-se entender facilmente pelo povo das comunidades, diz ele que é porque sua origem é a roça… saiu por aí promovendo “a leitura popular da Bíbliai”. Frei Carlos fazia parte de um grupo de teólogos, pastores e pastoralistas, católicos e alguns protestantes que se reuniam periodicamente em Petrópolis para “tomar o pulso” da ditadura, da reação popular e do que a Igreja andava fazendo. Desse grupo, justamente por sugestão dos protestantes, nasceu o CEBI com a finalidade de alargar a ação do Frei Carlos, através de outras pessoas que se formassem no método da leitura popular da Bíblia. Para isso devia nascer um Centro Bíblico que se chamaria “Centro de Estudos Bíblicos”, seria ecumênico mas não teria “ecumênico “ em seu nome oficial: as pessoas ecumênicas não precisavam desse termos e os não ecumênicos não se espantariam. Logo em seguida, recebi carta de Frei Betto comunicando a criação do Centro e convidando-me a integrar a lista de assessores, e logo em seguida uma visita pessoal do Frei Carlos. Naturalmente aceitei e me comprometi. Foi marcado o primeiro Curso Intensivo em Angra dos Reis e algumas pessoas do Nordeste participaram do Curso, um ou outro do Ceará e lembro-me bem de que lá esteve a irmã Agostinha, beneditina de João Pessoa, que voltou apaixonada e aí começaram as conversas entre nós e as primeiras iniciativas de cursos. Frei Carlos já tinha andado antes pelo Ceará naquele tempo quando tínhamos grandes bispos como Dom Fragoso em Crateús, Dom José Maria na Paraíba e Dom Hélder no Recife. Eu era professor do ITER e assessor do DEPA, duas instituições de ensino de Teologia. Meu trabalho já ia na linha da leitura popular da Bíblia e assim ia conquistando estudantes para esse campo. O DEPA foi um canteiro favorável pois aí, entre nosso grupo, tivemos encontros com Frei Carlos Mesters e começamos a planejar seminários de estudo entre nós. Frei Carlos Mesters se inspirou para promover seminários nacionais de exegetas e assessores ligados ao CEBI. Uma iniciativa das mais importantes e frutíferas foi à Escola Bíblica de Animadores e Animadoras Populares que funcionou por alguns anos com participantes desde Alagoas até o Rio Grande do Norte, um lindo processo que durava dois anos, com encontros de fim de semana a cada dois meses. Tínhamos entre nós uma equipe de assessoria e outra mais ampla de organização; cada encontro produzia um detalhado relatório que era distribuído pelo CEBI nacional a todos os regionais, e deu origem a diversas escolas bíblicas pelo Brasil. Outra contribuição do Nordeste foi o Curso Extensivo de Formação de Biblistas, em método de estudo dirigido, ou seja, um EAD sem computador naquela época. Eu mesmo fui o iniciador desse curso tendo-o sugerido numa Assembleia nacional do CEBI, e fui por anos o coordenador e o assessor de vários grupos no Nordeste. O Extensivo seguia o método de formação que era testado por nós no DEPA para a formação teológica. Minha querida é só dessas coisas que me lembro, e com muita saudade e alegria. João Luiz Correia Júnior, da UNICAP, foi uma das pessoas formadas no ITER e no Extensivo, enfim tantas outras pessoas, religiosas e leigas… Minha memória passa por aí. Abraço para você.”

Diante desse relato, muito pessoal, o que caracteriza nossa história cebiana aqui no estado pernambucano? Em que esse relato nos impulsiona na vivência desses 40 anos do Cebi e nos 50 anos do Mês da Bíblia?

Visite nosso blog e conheça mais outras personagens dessa história e seu testemunho, que bem caracteriza o carisma do Cebi como um Serviço especial à Palavra na Vida, no cotidiano de nossas comunidades cristãs.

i Grifo nosso.

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