Minha história com a Bíblia

Por: Fátima Gomes.*

Minha história com a Bíblia, ou melhor com a “Palavra” começou faz tempo… um pouco aqui e ali… de forma mais forte na minha pré-adolescência…

Morávamos num bairro de periferia, Jordão, onde ainda não havia (ou não participávamos ativamente da vida paroquiana). Uma irmã minha costumava ir a pé até o bairro de Prazeres para assistir missa dominical e me levava junto. Era muito mais uma aventura do que propriamente uma demonstração de fé, aliás, era muita fé sairmos cedinho e voltar já com o sol forte!!!

Um dia, estando lá na igreja, uma freirinha convidou para ajudar na catequese. E, eu, que não sabia nada de Bíblia, mas sempre gostei de desafios, topei. Ela me deu uns cartazes que seriam para dar as aulas. Na frente tinha imagem de Deus, de Adão, Eva e no outro lado, um pequeno texto e perguntas. Fiquei tão assustada com o que vi e li que na primeira aula fiz tudo diferente e mudei o roteiro: fiz uma conversa, fiz perguntas, pedi para cada um/a falar de Deus, da criação do jeito deles… Não deu outra, fui despedida! Fiquei chateada e cheia de interrogações… Mas “guardei em meu coração”. O tempo passou e entrei no grupo jovem e passei a “aperriar” o pároco para fazer minha crisma. Um belo dia, ele chega e me entrega uma apostila: “Você não quer ser crismada? Então comece a me ajudar a corrigir a gramática (ele era estrangeiro) desse texto e dizer o que acha.” Logo eu! De novo! Outro desafio…Mas topei. E ali, li sobre a criação até o apocalipse com o método “VER-JULGAR-AGIR” fiquei encantada. O curso durou 01 ano até nossa crisma e nosso compromisso na ação. E não parou aí, depois disso, ele me chamou e me incumbiu de ser a catequista do crisma pois ele iria viajar para sua terra natal, o que fiz mesmo depois de sua volta e até minha mudança de bairro. Aí eu já estava contaminada, apaixonada pela Bíblia, ou melhor, por esse jeito novo de se aproximar, de ler os textos de forma contextualizada.

Esperem, tem mais! Por um dos caprichos da vida (será???) fui trabalhar no Instituto de Teologia do Recife – ITER. Imaginem só! E quem foi uma das primeiras pessoas que conheci? Nosso amado João Luiz, grande apaixonado pelo CEBI e sua leitura da Biblia. Outro desafio apareceu. Dessa vez, muito grande para a pobre coitada que fez um curso bíblico na paróquia: entrar num grupo de extensivo! Eu e João deveríamos estar completamente doidos, ele, por me convidar, eu por aceitar! Afinal, não era um grupo para iniciantes. No grupo só tinha tampa! Eu me sentia como a própria ovelha indo para o holocausto.… por culpa minha, claro! Eu adoecia no dia do estudo! Morria de medo de Sebastião Armando… tão magrinho, caladinho, com aquele olhar sisudo e com aquelas sofríveis perguntas: “De onde você tirou isso”???

Bem, pela infinita misericórdia de Deus, fui assumir um cargo público em outra cidade e tive que sair do grupo e voltei anos depois com o mesmo Sebastião Armando, mas agora, não sei como, eu tive coragem de enfrentar a “fera”! O que ajudou foi que, agora, o grupo era de iniciantes e o processo de aprendizado foi muito bom! Durante o estudo do extensivo recebi outros dois grandes desafios: entrar na equipe da Escola Bíblica e na coordenação do CEBI Pernambuco.

Participar da equipe de assessores da escola bíblica estadual foi o grande divisor de águas na minha caminhada bíblica, pois além do estudo compartilhado, das descobertas, puder conviver com o método do CEBI. As escolas eram muito mais uma experiência de vida; era uma partilha de saberes onde se podia “desconstruir” e reconstruir novos saberes, novas luzes, novos caminhos, novas transformações. Luiz Carlos Araújo, nosso grande amigo, mentor, foi fundamental nesse processo… ajudou muito a ver “qual era a de Jesus” e trazer sempre para o hoje, para a nossa vida o que estava por detrás dos textos… costurar, descosturar, descomplicar e tirar os ensinamentos que nos tornavam pessoas melhores, livres, abertas ao novo.

Fiquei muito tempo na equipe de formação das escolas e quanto sou grata por todas as pessoas que fizeram parte dessa minha caminhada! Elas são tão culpadas quanto eu mesma por essa paixão pelo estudo bíblico, por isso até hoje ainda sou uma pequena e simples aprendiz que sai de Recife para Caruaru uma vez por mês, imaginem, com Sebastião Armando que hoje é um grande, querido amigo e mentor, para continuar a estudar e aprender da Bíblia e como podemos tentar transformar nosso olhar e nossas ações para construir o tão esperado Reino de Deus sonhado nos textos bíblicos.

Se você que ler essas linhas e esse testemunho, chegou até aqui em busca “de algo” ou está compartilhando de nossa alegria, fico feliz por isso e, te convido: vem fazer parte dessa experiência de vida, digo, da “escuta” da Palavra na vida. Revisite suas histórias, memórias, lá em algum lugar, Ele está a te falar. E aqui no Cebi, estamos de braços “abertos pra te acolher”.

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  • Fátima Gomes é membro do CEBI PE atualmente militante no Grupo de Aprofundamento Bíblico de Dom Sebastião Armando Gameleira Soares. Tem forte presença nos meios populares da grande Olinda e Recife onde mora.

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